segunda-feira, 6 de maio de 2013

OPINIÃO: SISTEMA ELEITORAL GUINEENSE

Olá M da Conceição...
 
Bem, apesar de ainda n ser jurista não pude deixar de responder à sua dúvida. E vou 
fazê-lo com base naquilo que aprendi. Se alguém, melhor entendedor da matéria n 
concordar comigo...estamos aqui todos para aprender portanto, interpelem-me.
 
Note-se que estaremos a falar  não de eleições presidenciais onde é obvio que o 
candidato com maior número de votos ganha e é eleito presidente. Vamos focar-nos
então nas eleições legislativas, nomeadamente para a escolha de deputados.
 
Na Guiné-Bissau, como também acontece em Portugal, a forma como a contagem 
dos votos é feita designa se por Método D’Hont. E o que é isso do método D’Hont??
O nome tem a simples justificação de ser o mesmo da pessoa que o criou. Trata-se então
de um modelo matemático de representação proporcional utilizado para converter votos 
em mandatos com vista à composição de órgãos de natureza colegial.
 
Apura-se em separado o número de votos recebidos por cada lista no círculo eleitoral 
respectivo. O número de votos apurados por cada lista é dividido, sucessivamente, 
por 1, 2, 3, 4, 5, etc., sendo os quocientes alinhados pela ordem decrescente da sua 
grandeza numa série de tantos termos quantos os mandatos atribuídos ao círculo eleitoral
respectivo. Passo a explicar, exemplificando para conseguir visualizar e ficar com uma ideia
mais clara.
 
   Exemplo:
 
• O círculo eleitoral "X" tem direito a eleger 7 deputados.
• Concorrem 4 partidos: A, B, C e D.
• Apurados os votos, a distribuição foi a seguinte:
• A - 12.000 votos;
• B - 7.500 votos;
• C - 4.500 votos;
• D - 3.000 votos
                                                       PARTIDOS
 
                                     A                B               C                 D     
_DIVISOR__________________________________________
 
    1                             12.000         7.500        4.500        3.000
 
    2                              6.000           3.750        2.250        1.500
 
    3                              4.000           2.500        1.500         1.000
 
    4                              3.000           1.850         1.125           750
 
O quadro mostra-nos, através dos valores destacados a vermelho, quantos deputados
conseguiu cada partido, dentro deste círculo eleitoral. E como chegamos a isso? 

Pegamos no valor total de votos( por exemplo os 12.000 do partido A) e dividimos 
por 1, 2, 3, 4, etc. Fazemos isso com o total de votos de cada partido isoladamente e
de seguida alinhamos os quocientes pela ordem decrescente da sua grandeza. Ou seja 
(tendo em conta que serão nomeados 7 deputados):
 
  1.       12.000 (1º Deputado para o Partido A)
  2.       7.500 (1º Deputado para o Partido B)
  3.       6.000 (2º Deputado para o Partido A)
  4.       4.500 (1º Deputado para o Partido C)
  5.       4.000 (3º Deputado para o Partido A)
  6.       3.750 (2º Deputado para o Partido B)
  7.       3.000 (1º Deputado para o Partido D)
Este método de conversão de votos em assentos parlamentares é o mais utilizado em 
todo o mundo, em países como a Holanda, Israel, Espanha. Tem a vantagem de assegurar
uma boa proporcionalidade( ou seja, a relação votos/mandatos), é muito simples de aplicar
em comparação com os outros, e tem efeitos bastante previsíveis.
 
Como única desvantagem que se lhe aponta é o facto de se considerar que é um 
método que favorece os partidos maiores. Contrariamente a muitos países, na nossa 
Guiné a contagem de votos ainda é feita à mão, os votos em papel e é claro que traz 
consigo dezenas de problemas entre os quais a falta de segurança e confiabilidade nos
resultados apurados como aconteceria se já tivéssemos as urnas electrónicas.
 
Bem, aqui está! Sei que pediu para lhe ser explicado de uma forma sucinta mas este
realmente foi o melhor que consegui. Espero ter ajudado :)
 
 Denisa Nisalda
Email: nisapereira87@hotmail.com